Signos fixos e signos de Terra: tocando em frente
- terra
- 22 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de nov. de 2024
A Terra não se encontra sinalizada no Mapa Astral porque ela é o próprio centro do mapa, é o ponto de vista que dá origem aos estudos astrológicos tradicionais; é daqui que observamos o espaço e é aqui onde vivemos aquilo que o mapa reflete.
O encorpamento é terrestre. Os formatos, os moldes, os ritmos, os passos são terrestres. A Terra, assim como a mãe, do ponto de vista da criança, é tão integrada a ela, faz tão parte dela, que as vezes é esquecida. Esquecemos que, no fim das contas, é ela que manda, é ela que dita. O mundo lá fora tem pressa, é tumultuado, corre na velocidade da luz. A Terra é lenta, não sentimos ela girar. É demorada, leva tempo, não anda no compasso da mente, não concretiza da noite pro dia. E avisa, sempre avisa. Nunca cansa de repetir, é rotineira.
Os signos de Terra (Touro, Virgem e Capricórnio) encarnam as nuances da mãe: paciente, exigente, mandona. Não ouse passar dos limites, pois haverão consequências. Os signos fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário), cada qual exercendo as funções respectivas de seu elemento, trabalham em favor da estabilidade terrestre. Quem sabe respeitar a mãe, já tem meio caminho andado. "Ando devagar porque já tive pressa" e sei os resultados de uma vida repleta de ansiedade e desprovida de prazer. O prazer está no usufruir: "Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs". Devagar é relativo. Não é a mesma velocidade em todas as situações, não é acomodação e conformismo; muito menos inércia. É seguir o movimento necessário em cada ocasião.
Reflito seguidamente sobre o desdenho atual que se tem com a rotina cotidiana e o quanto o discurso midiático é voltado para que se queira fugir do dia-a-dia. Há uma incitação constante para quebrar a rotina ao invés de transformá-la em algo prazeroso. Uma busca incessante pelo final de semana e pelos momento "fora" do cotidiano. A questão é que a vida é o cotidiano. Férias, finais de semana, lazer, viagens, também fazem parte do cotidiano, em maior ou menor escala, mas o prazer de viver não deve se concentrar em somente algumas partes, em apenas alguns momentos específicos. Isso é uma cilada daquelas, é virar refém da vida.
A Terra é essa parte que costumam chamar de chata e sem graça. É o que está sempre ali, a estrutura toda. "Como um velho boiadeiro levando a boiada, eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou. Estrada eu sou." A Terra é a estrada. Chove, faz sol, frio, neva, venta, pessoas vem e vão, choram, riem, se apaixonam, se despedem; flores nascem e morrem. É onde tudo acontece, diariamente.
Desconheço beleza mais duradoura e acessível do que a proporcionada pela Terra.
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Letra de Almir Sater e Renato Teixeira
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